O Primeiro de Maio é a data de luta de toda a classe trabalhadora. Há 138 anos, neste dia, os trabalhadores e trabalhadoras começaram uma grande greve denunciando a exploração e reivindicando a diminuição da jornada de trabalho, nos EUA. No dia 4 de maio, uma grande manifestação organizada pelos sindicatos em Chicago, foi violentamente reprimida, terminando com dezenas de manifestantes assassinados ou presos pela polícia. Oito lideranças do movimento, todas estas anarquistas, foram presas e condenadas à morte por uma farsa judicial envolvendo o Estado e os patrões — quatro dos presos foram levados à forca, e um quinto tirou a própria vida. Estes ficaram conhecidos como os "Mártires de Chicago" e esse é o motivo pelo qual comemoramos o dia do Primeiro de Maio, como o dia da classe trabalhadora.
No Brasil, não faltam motivos para lutar. São 8 milhões de pessoas desempregadas, e outras 40 milhões na informalidade — muitas trabalhando além da jornada de 8 horas, em bicos, por aplicativos ou outros meios. Mesmo entre trabalhadores na formalidade, a regra geral é a precarização, seja no meio privado, no setor público ou em empresas terceirizadas. Condições de trabalho ruins, salários congelados ou subindo abaixo da inflação, sobrecarga, assédios etc. Já no andar de cima, o governo de frente ampla de Lula-Alckmin mostra que não tem qualquer compromisso com a classe trabalhadora urbana e rural, e aplica a política econômica de arrocho e congelamento de gastos (Arcabouço Fiscal) que só atende às classes dominantes, enquanto distribui migalhas e não combate os reais problemas do povo.
Chegamos ao mês de maio com importantes greves organizadas por trabalhadores da educação pública nos Institutos Federais e nas Universidades, reivindicando melhores condições de trabalho, reajustes salariais e revogação de portarias aprovadas no governo anterior. No entanto, parte da esquerda, mesmo a que se diz socialista e revolucionária, fica a reboque do governo de Frente Ampla de Lula-Alckmin, que tem a burguesia e parte da direita como seus sócios, desestimulando inclusive instrumentos legítimos e históricos das classes oprimidas (greves, protestos, paralisações, ocupações etc.) ou tentando frear as legítimas reivindicações desses trabalhadores.
Nesse período, parte dos sindicatos age como se tivéssemos motivos para comemorar. Não são à toa os shows, sorteios, eventos com celebridades e discursos vazios. Os sindicatos devem ser entidades de luta para a conquista de melhores condições de vida para a classe trabalhadora, e não instrumentos para iludir as pessoas e servir de correia de transmissão de partidos e governos. Nos colocamos ao lado das entidades sindicais que seguem combativas e mantêm a independência de classe frente aos patrões e ao Estado; apostamos na organização das classes oprimidas em movimentos populares e sindicatos que tenham, cada vez mais, o caráter classista e combativo, que tenham independência de classe e uma perspectiva de transformação revolucionária da sociedade.
Internacionalmente, a situação também é de diversas incertezas, com ascensão da extrema direita no mundo todo e turbulências na América Latina, incluindo o governo ultraliberal de Milei na Argentina, o massacre do povo palestino pelo estado de Israel, e outros inúmeros conflitos em vários países. Em meio ao jogo de interesses do imperialismo, acreditamos que são as classes oprimidas em luta que podem fazer valer seus interesses, para derrotar a extrema direita e derrubar o sistema capitalista-estatista de miséria e morte.
No último século e meio, milhões de trabalhadoras e trabalhadores dedicaram suas vidas para ter 8 horas de trabalho, 8 horas de descanso e 8 horas de lazer. Essas demandas seguem atuais enquanto existirem a exploração e a opressão, por isso levantamos a bandeira do Socialismo Libertário. Muitos morreram por isso, como os Mártires de Chicago, todos anarquistas, que foram injustamente condenados pelos protestos massivos de 1886. Neste Primeiro de Maio, a homenagem que podemos prestar a todas essas pessoas é tomando seu exemplo, não sustentando ilusões no governo ou em patrões, ampliando direitos por meio da ação direta, para uma transformação radical da sociedade.
Por um Primeiro de Maio independente de governos e patrões!
Viva a classe trabalhadora! Viva os Mártires de Chicago!
Pela Revolução Social e o Socialismo Libertário!