O manifesto das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo prestando solidariedade ao presidente do IBGE, Marcio Pochmann, desconsidera e desqualifica de forma inaceitável a luta dos trabalhadores e trabalhadoras do instituto contra medidas que ameaçam a essência pública e independente do órgão. Classificar como "oportunistas" e "corporativistas" os servidores que há décadas dedicam-se à construção de um IBGE reconhecido por sua excelência é um ataque injusto e desproporcional, além de reforçar a prática antissindical do próprio Pochmann.
A gestão de Marcio Pochmann, longe de representar um "compromisso coletivo" com valores populares, fazendo valer sua carreira acadêmica que debate os direitos dos trabalhadores, tem se caracterizado pelo autoritarismo e pela falta de diálogo. A criação da Fundação IBGE+ e a revogação do teletrabalho são exemplos de decisões tomadas sem qualquer consulta ou debate com os servidores, demonstrando desprezo pelas instâncias internas e pelo papel histórico dos trabalhadores e de seu sindicato, a ASSIBGE, no fortalecimento do instituto. A criação da fundação pública de direito privado IBGE+ representa passos em direção à privatização e à mercantilização do conhecimento público, priorizando interesses do capital em detrimento das necessidades do povo trabalhador. Além disso, a gestão ataca o sindicato da categoria, e mais recentemente notificou a entidade para que mude de nome, retirando a sigla IBGE.
É imprescindível defender os interesses dos trabalhadores com independência de classe, sem subordinação a governos que, seja de qual partido forem, seguem defendendo os interesses dos patrões. O governo Lula-Alckmin segue com as políticas neoliberais e utiliza a polarização dentro do parlamento burguês para justificar medidas que mantêm a lógica de conciliação de classes, aprofundando as contradições e prejudicando os trabalhadores.
A defesa de um IBGE público, transparente e comprometido com a produção de dados de qualidade para a formulação de políticas públicas não pode ser confundida com interesses corporativos. Pelo contrário, é uma luta essencial para garantir que o órgão mantenha sua integridade e continue a servir ao povo brasileiro. A batalha se dá contra iniciativas que podem resultar na ampliação da precarização e na privatização de uma das instituições fundamentais para o levantamento de dados sobre a realidade econômica, social e cultural do nosso povo.
Aos movimentos que subscrevem o manifesto em solidariedade a Pochmann, é necessário lembrar que o verdadeiro compromisso com a inclusão e a justiça social começa pelo respeito aos trabalhadores e trabalhadoras, pela independência na luta de classes e pelo fortalecimento de espaços democráticos de organização e luta sindical. Solidariedade a gestores, quaisquer que sejam, não pode significar o silenciamento das críticas legítimas da base.
Repudiamos a velha tática da burocracia de esquerda de, quando está no governo, associar à direita qualquer luta e críticas legítimas às suas ações. A política do “mal menor” não se encerra nas eleições, mas se expande para todos os âmbitos das lutas sociais. Um governo que aplica políticas alinhadas aos interesses das classes dominantes e silencia a voz da classe trabalhadora organizada trai os princípios fundamentais de emancipação e justiça social.
O IBGE, como instituição pública, deve ser um instrumento do povo e para o povo, e não das elites econômicas ou dos gestores tecnocráticos que as representam. A defesa de seu caráter público e democrático é indissociável da luta pela construção de uma sociedade socialista, onde o conhecimento e a produção estejam a serviço da libertação coletiva, e não da acumulação de capital.
COMBATER O GOVERNISMO E ATAQUES ANTISSINDICAIS!
POR INDEPENDÊNCIA DE CLASSE, PODER POPULAR AUTOGESTIONÁRIO!
Organização Socialista Libertária
Janeiro de 2025