Cuiabá: Movimentos batem de frente com prefeito ‘tiktoker’

A nova gestão da prefeitura de Cuiabá/MT vem sendo marcada por uma gestão feita através de vídeos para as redes sociais e discursos carregados de ataques a direitos básicos das classes oprimidas. Algo que há muito tempo já era visível nas práticas políticas do atual prefeito Abilio Brunini (PL). De vereador (com mandato cassado), passou para deputado federal (em que atuou como personagem de "Big Brother Brasil" ou "A Fazenda"). Foi o candidato a uma capital eleito com a campanha mais cara em relação aos votos obtidos: R$ 68,13 por voto conquistado, numa campanha que custou R$ 11,6 milhões. A Justiça Eleitoral reprovou a prestação de contas do bolsonarista, mantendo decisão para que devolvesse R$ 2,8 milhões por inconsistências nas declarações de gastos de campanha.

O que já vem se explicitando, com a postura e discurso do atual prefeito, é que a capital mato-grossense seguirá sofrendo com políticas que não beneficiarão as classes oprimidas da região; será um período pautado por criminalização da pobreza, ódio político e de classe e, também, falso moralismo cristão para justificar o retrocesso em torno de pautas de combate à violência de gênero, sexualidade e raça-etnia.

Alimento como direito fundamental à vida

Ao tomar posse da gestão, Abílio explicitou o discurso de higienização social ao declarar que proibiria e multaria instituições ou voluntários que realizassem a entrega de marmitas para o enorme contingente de pessoas em situação de rua. Cuiabá, atualmente, tem cerca de 1,5 mil pessoas vivendo nas ruas, e há muito tempo instituições e/ou voluntários realizam a entrega de marmitas ou sopão. O novo prefeito também declarou que estaria disposto a pagar passagens para as pessoas em situação de rua “voltarem para suas cidades de origem” ou, como dito em sua campanha eleitoral, poderia enviar essas pessoas para o Rio de Janeiro ou Maranhão.

A cidade tem um restaurante popular, mas é óbvio que a dinâmica material e a própria estrutura não são suficientes para garantir a alimentação da população, principalmente da que se encontra em maior vulnerabilidade – sem moradia e meios para uma alimentação adequada. E, mesmo com o discurso de construção de um local destinado para abrigar e dar condições de higiene e alimentação para a população em situação de rua, a promessa não bate com as declarações sobre ter recebido a prefeitura com um rombo financeiro enorme – causada pela gestão de Emanuel Pinheiro (MDB). Vale lembrar que Cuiabá, anos atrás, foi alvo de uma reportagem de repercussão nacional por causa das filas de pessoas para garantir doação de ossos em açougues, para se alimentar. Tudo isso no estado que se vangloria pela produção do agronegócio - que enriquece poucos enquanto aprofunda o abismo social.

Devido à mobilização social que começou a se esboçar, o Ministério Público de Mato Grosso acionou o bolsonarista e acabou sendo firmado um Termo de Ajustamento de Conduta para garantir segurança alimentar das pessoas que sofrem nessa situação de extrema exclusão social.

Organizar as classes oprimidas para combater os retrocessos dos políticos de turno

Na manhã de sexta-feira, 31 de janeiro, foi organizado pelo Movimento Nacional da População em Situação de Rua, em conjunto com outros movimentos sociais, um “Banquetaço” em frente à sede da Prefeitura de Cuiabá. Contou com a participação de outros movimentos sociais, diferentes forças políticas e voluntários na entrega de marmitas para pessoas que estavam ao em torno da Praça Alencastro, na região central da cidade.

O ato foi um passo importante, sobretudo, por mostrar que não devemos nos silenciar diante de discursos reacionários da extrema-direita – seja de políticos de turno, seja de movimentos ultraconservadores que causam pânico e terror pelas ruas.

A dinâmica do sistema capitalista-estatista é destruir, cada vez mais, a organização das classes oprimidas, através de políticas repressivas, de criminalização da pobreza, do medo e da própria proibição da luta por melhores condições de vida, trabalho e sobrevivência. Combater esse sistema de exploração, morte e perseguição exige independência de classe, ação direta e organização entre o povo oprimido da nossa classe.

A conjuntura tem demonstrado a necessidade da retomada das lutas populares com maior força e organização, para combater a alta dos preços que impactam diretamente o desenvolvimento de uma vida digna e para enfrentar as políticas reacionárias do neoliberalismo.

Contra a criminalização da pobreza e da população em situação de rua em Cuiabá!
Por direito à saúde, alimentação, educação, trabalho e vida digna!

Organização Socialista Libertária
Fevereiro de 2025