Práticas de ódio misógino da extrema-direita no 8 de março em Sinop/MT

No dia 8 de março, movimentos sociais, coletivos de mulheres e sindicatos construíram um ato público na cidade de Sinop/MT. O ato marcava a memória de luta, denunciava o feminicídio e a violência contra as mulheres no estado de Mato Grosso, além de exigir direitos sociais. Em dado momento, um carro passou e arremessou uma bomba contra as manifestantes. A prática é mais um exemplo do ódio, da misoginia e da intensificação das ações da direita e da extrema-direita em Mato Grosso, sobretudo, em Sinop.

Com a ascensão de Bolsonaro e com a ofensiva da direita e extrema-direita, a violência e ataques contra movimentos sociais, sindicatos e movimentos de mulheres têm crescido no estado. Nos últimos anos, são recorrentes as perseguições, intimidações e ameaças de morte contra mulheres, militantes e pessoas progressistas que manifestam críticas ou denúncias.

No contexto das mobilizações das mulheres contra Bolsonaro, em 2018, várias militantes sofreram intimidações nas redes sociais, nos espaços de trabalho, nas moradias e nos locais de mobilização. Homens estacionavam seus carros em frente de suas casas, fotografavam suas vidas, seguiam seus veículos, enviavam mensagens ameaçadoras. No interior do estado, fotografaram mulheres que participavam de atos e pediram a demissão de seus empregos; em Sorriso, ameaçaram de morte uma professora; em Lucas do Rio Verde, ameaçaram e ofenderam estudantes e professoras que participaram do ato; em Sinop, militantes de coletivos sofreram ameaças graves.

Sinop tem vivenciado diversas práticas de ódio e violências. Além das perseguições em torno do “Mulheres contra Bolsonaro”, as tentativas de silenciamento de mulheres que se colocam na política e nas lutas sociais são constantes. Em novembro de 2022, uma vereadora do PT e uma professora da UFMT foram alvos de ofensas nas redes sociais, perseguições, pedidos de exoneração de seus cargos e ameaças de morte, em decorrência das críticas que fizeram ao agronegócio e seus barões em uma audiência pública. De lá para cá, essas práticas se intensificam cada vez mais, ao mesmo tempo que crescem os feminicídios e as violências contra as mulheres na cidade e no estado do Mato Grosso em geral.

Com o conservadorismo enraizado nas bases da estrutura social mato-grossense e com várias cidades sob o domínio do agronegócio, Mato Grosso enfrenta o desafio de combater o avanço da extrema-direita em um cenário de acirramento e tensão. Fazer o debate e se manifestar nas ruas de Sinop têm significado correr riscos. Apesar disso, mulheres e trabalhadores em geral continuam fazendo o enfrentamento. As dificuldades são muitas, mas o caminho continua sendo a organização e a luta das classes oprimidas.

Esse combate exige o fortalecimento de uma frente de lutas das mulheres, organizando-se junto às mulheres desde seus territórios, espaços de estudos, locais de trabalho e moradia. Sobretudo, é urgente avançar em estratégias de autodefesa coletiva. As violências contra as manifestações sociais não passarão em branco. Denunciar é importante! Organizar, não abandonar as ruas e seguir lutando!

Nós, da OSL, estendemos nossa solidariedade às mulheres de SINOP e aos movimentos atacados no 8 de março!

Organização Socialista Libertária
Março de 2025