Mais um Primeiro de Maio se aproxima, e os motivos são muitos para manter viva a chama da luta da classe trabalhadora mundial. A OSL conclama a todas e todos que compareçam às manifestações do Dia Internacional da Classe Trabalhadora, uma data histórica que segue tendo muita importância enquanto há exploração e opressão.
História
As origens do anarquismo estão intimamente ligadas com a história do 1º de Maio. A grande greve de 1886, em Chicago, nos EUA, com forte presença anarquista, tinha o objetivo de reduzir a jornada de trabalho para 8 horas diárias — quando operários faziam até 14, 16 horas por dia. Os atos foram reprimidos violentamente, e logo a polícia elegeu seus bodes expiatórios: 8 trabalhadores anarquistas, parte deles condenados à morte, que ficaram conhecidos como Mártires de Chicago. O 1º de Maio tornou-se data de luta da classe trabalhadora no mundo inteiro, com a bandeira das 8 horas de trabalho e da revolução social.
No Brasil, manifestações do 1º de Maio acontecem já no fim do século 19, junto com a crescente industrialização que explorava homens, mulheres e crianças. Trabalhadores imigrantes e brasileiros se organizam em ligas de resistência (embriões dos sindicatos), e munidos de ideias anarquistas e de demais correntes socialistas forjam greves e movimentos de resistência. O início do século 20 também terá forte presença negra, em categorias como estivadores, ferroviários e trabalhadores da construção civil. Marca este período o sindicalismo revolucionário, estratégia anarquista que tem na Greve Geral de 1917 seu grande momento histórico. Manter viva esta memória é tarefa que se dá na luta cotidiana.
Crise mundial
Hoje, a classe trabalhadora mundial ainda enfrenta um cenário brutal. O massacre promovido por Israel contra os palestinos de Gaza é um dos exemplos mais sangrentos de como o sistema capitalista-estatista age para violar direitos fundamentais das classes oprimidas. A solidariedade com o povo palestino deve ser um dever de todas as organizações da classe trabalhadora. Inúmeras outras guerras e massacres ao redor do mundo, somados à mudança climática e à ascensão da extrema-direita são graves ameaças à continuidade da vida humana.
O avanço tecnológico, por si só, não promove as transformações fundamentais para mudar esse cenário. Na era da inteligência artificial e do turismo espacial, centenas de milhões de trabalhadores vivem na pobreza ao redor do mundo. Na América Latina, cerca de metade das pessoas empregadas estão na informalidade, situação que afeta com mais gravidade mulheres e jovens.
Brasil
Apesar da redução recente do desemprego, a classe trabalhadora segue bastante precarizada em sua maioria. 50% das famílias brasileiras têm renda de até R$ 3,4 mil por mês, quando o Dieese calcula que o salário mínimo para sustentar uma família deveria ser de R$ 7,4 mil. São milhões de pessoas em trabalhos precários, de baixos salários ou que dependem de programas sociais ou da Previdência, que convivem com a incerteza e as dívidas.
O aumento do custo de vida pressiona a renda das famílias mais empobrecidas, com alimentos básicos cada vez mais caros — fenômeno que acontece em todo o mundo, com a instabilidade econômica, política e climática. O governo Lula-Alckmin, que vende a ilusão de conciliar interesses de pobres e ricos, entrega tudo para os ricos e apenas faz ações cosméticas para conter a extrema pobreza. Enquanto o projeto de isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil, se aprovado, só vai valer para o ano que vem, a política de ajuste fiscal com corte de gastos vem sendo feita desde o primeiro ano de governo, incluindo cortes em programas como Bolsa Família, Farmácia Popular e Auxílio-gás, que atendem famílias mais pobres. Refém do Congresso e sem qualquer proposta de transformação, o governo Lula-Alckmin segue a serviço dos de cima.
A necessidade da luta
Todo esse cenário mostra que lutar é a única alternativa para a classe trabalhadora. Alguns exemplos recentes, desde baixo, provam que muito pode ser feito para virar esse jogo.
A luta contra a escala 6x1 é uma pauta que tem ganhado apoio de trabalhadores em todo o país. Iniciada pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), o tema foi abraçado por diversas categorias e sindicatos, e já motivou algumas greves pontuais. O fim da escala 6x1 é uma das grandes lutas atuais, que surgiu por fora da estrutura burocrática do sindicalismo oficial, e pauta o constante aumento da jornada, que é um dos pilares da exploração do trabalho.
Outra luta importante é o Breque dos Apps, protagonizado pelos entregadores que trabalham por aplicativos, uma das categorias mais precarizadas nos últimos anos. Tratados como "parceiros" de empresas gigantes da tecnologia, esses trabalhadores compreendem que são explorados e que só a luta coletiva pode arrancar conquistas dos de cima.
A luta por melhores condições de vida e trabalho se dá tanto dentro da estrutura sindical reconhecida legalmente quanto fora dela. Em sindicatos combativos e organizados, trabalhadores e trabalhadoras sindicalizados enfrentam os patrões de forma mais aberta para construir a mobilização coletiva. Já entre os que estão fora dessas entidades — especialmente setores precarizados, informais ou sem representação sindical — forma-se coletivos independentes, construindo a partir da base novas formas de luta e organização por direitos.
Atuando desde baixo, com independência em relação a políticos, governos e patrões, as trabalhadoras e trabalhadores vão se organizando coletivamente e assim se fortalecem nas lutas cotidianas. Neste 1º de Maio, nos inspiramos em 150 anos de lutas da classe trabalhadora internacional para travarmos as batalhas que vêm pela frente. À luta, companheiras e companheiros!
Às ruas no 1o. de Maio!
Preservar a memória das nossas lutas, lutando pelas urgências de nosso tempo!
Organização Socialista Libertária
Abril de 2025